Sobre o blog

Bem-vindo à Sociedade Alternativa de Tradutores!



“E o tradutor, como fica”, pensei? Torna-se o não tradutor. O não tradutor é o desleitor, não invisível, o protagonista. Não entendam aqui "protagonista" como "narcisista", aquele que se dá falsa importância e vive de sua pseudoautoridade para exercer o poder. O não tradutor se recusa a ser visto como uma máquina de perfeição e prefere ser ele mesmo, ser humano como outro qualquer, repleto de emoções, ideias, contradições, personalidade, erros e acertos. E ele não está simplesmente sujeito ao sistema de regras e padrões impostos pela indústria, pois repensa, questiona e transforma.


Com a Internet, os blogs e as redes sociais, nunca o tradutor pôde se comunicar tão bem, ver e ser visto, ouvir, dialogar, protagonizar. Esse espaço, para além de suas 1.001 utilidades, tem a suma importância de promover o crescimento humano. A utopia de pensar livremente, sonhar e desejar um mundo melhor nunca esteve tão longe e tão perto. Ingênua ou não, a Sociedade Alternativa dos Tradutores pode ser um “sonho que se sonha só" ou um "sonho que se sonha junto”. Em todos os casos, temos aí uma realidade a ser vivida e pensada por todos nós.

Inspirados pelo manifesto da Sociedade Alternativa, escrito em 1973, podemos nos repensar profissionalmente no contexto atual. Como usamos nosso tempo, nosso espaço, como semeamos ideias, que ideias semeamos, por que e para quem? Que idéias são semeadas a respeito da nossa profissão?

Considerando que a história se formou durante anos de extermínios e escravismos, com indivíduos tratados como coisas, ou recursos, com poucos direitos e muitos privilégios, temos como base social a desigualdade e o desrespeito ao outro. Isso se manifesta ainda em nossas relações de trabalho? Some-se a isso o consumismo, a produção ininterrupta, os prazos, pressões, os cortes, as crises, e a maioria de nós poderá pensar: estamos com a corda no pescoço!

No entanto, voltando-nos para a raiz da crise, que é o desrespeito ao outro, ou a crise de alteridade, temos uma pista de como tudo poderia ser diferente. Valorizar a alteridade significa reconhecer a importância da existência do outro na vida de cada um, pois não vivemos sozinhos. Significa acolher, dialogar, trocar saberes, ser provocado e interpelar. Comunicar-se! Que tal começarmos trocando ideias por aqui?