domingo, 24 de junho de 2012

O futuro que queremos



Ambicioso ou não, o documento oficial da Rio +20, The future we want, foi disponibilizado nos seis idiomas oficiais da ONU, mas ficou sem tradução para o português.
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(Suspiros)
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Agora vamos tentar nos animar com Zeca Baleiro, “Venha provar meu brunch, saiba que eu tenho approach, na hora do lunch, eu ando de ferryboat...”

Bom, considerando que acolhemos uma conferência internacional, oferecemos o brunch, mostramos que temos approach e que a Organização das Nações Unidas representa todas as nações, não caberia à ONU dar o exemplo, incluindo o português como mais um dos idiomas traduzidos, senão oficial? Onde está o legado da Rio +20 para os brasileiros?
 
Bem, sabemos que as coisas não são simples assim... O Brasil hoje ocupa posição hegemônica na América Latina, mas subserviente diante dos Estados Unidos. Somos ainda forçados a aprender espanhol, no âmbito de comércio internacional, e absorver o inglês, nem que seja “na marra”, para estudar na universidade. Existe inclusive o mito de que aqui todo mundo sabe inglês, basta ter feito um ano de cursinho, passado as férias na Disney e pronto! E isso considerando a minoria da população: a classe média-alta.

Com tudo isso, o português vai bem, o Brasil exala identidade nacional apesar da globalização. A ratificação do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa contribuiu para a unificação do idioma - mais um instrumento político a favor. E do ponto de vista quantitativo, somos o sexto ou sétimo idioma mais falado do planeta. No entanto, parece que a noção de prestígio de um idioma ainda está mais associada a outros fatores, como poderio militar e econômico. Língua é poder.

A tradução teria influência para mudar esse estado de coisas? Por mais absurdo que pareça, penso que SIM. O português não escapa da disputa por espaço. Nesse momento, exigir a tradução seria o diferencial, uma forma de pressão política, importante para o reconhecimento do idioma e da cultura nacional. Não basta receber bem, oferecer o brunch temperado com approach, na hora do lunch, a gente não quer só comida. A gente quer respeito (em português).

2 comentários:

  1. Fiquei com a impressão de que Portugal é invisível na Europa, acho que isso prejudica a nossa língua. Em um ônibus de excursão em Paris, por exemplo, a língua portuguesa era identificada pela bandeira do Brasil, e a narração, feita por uma brasileira.

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  2. Que triste... essa invisibilidade poderia ser revertida com uma união político-linguística, mas Portugal mesmo é quem mais rejeita e contesta o Acordo...

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